3.01.2007

um disco bicudo

in elementar do outro dia: "Os Plastic Little são uma espécie de primos direitos dos Spank Rock, mais putos, mais ordinários e com um sentido de humor escatológico pornográfico teen. Mas não são do tipo Jackass, embora possam parecer.
São igualmente diletantes, tanto em termos de imaginário como musicalmente, e são hábeis a satirizar a realidade que os rodeia, manipulando os chavões do hip-hop e contribuindo efectivamente para iluminar em jeito de fresta a produção do hip-hop actual, como já o tinham feito anteriormente os Spank Rock.
Depois de uma série de EPs que nos foram acicatando a curiosidade, mórbida, assumidamente, para esta banda de Philadelphia, eis que chega finalmente "Shes Mature", confirmando expectativas. A ironia e o humor, a citação e as rimas a roçarem os limites da gratuitidade, descambando de quando em vez, um flow espontâneo e com variações, alternância de voz e até tentativas de canto, e rimas inéditas (de clit com hit, por exemplo). Paródia ao hip-hop, à thug life, ao nigger da vida, não é novidade mas está bem feita e contém algumas observações felizes. Club life, sonho americano e a vida, entre os filmes (e aqui até á passagem por bollywood) e o dia a dia.
Na capa, a homenagem a "This Charming Man", fica sempre bem, mas o conhecimento e citação dos Smiths é retomado com o refrão de "heaven knows Im Miserable Know" e a utilização em fundo de Panic. A panóplia musical inspiracional e utilizada situa-se entre o rock, a new wave synth pop electro da colheita pos punk e provavelmente o vaudeville, para além do ambiente hip-hop da coisa. "Down By The Water" de PJ Harvey é sustentáculo de "Now I Hollar", e "Close to Me" dos Cure é objecto de versão.
A juntar a tudo isto, o espírito de festa, e influências de De La Soul, Beastie Boys, 2Live Crew, Wu Tang Clan (com direito a canção e tudo), o toque em 50 cent, a utilização do mesmo sample de Fix Up Look Sharp de Dizze Rascal, a produção de Diplo em alguns temas e as participaçõs de Ghostface Killer e Spank Rock.
Um disco divertido e inteligente, mas perverso, que sem ser brilhante consegue manter-nos interessados e atentos às palavras. Musicalmente, afina pelo mesmo diapasão e consegue ir para além do simples trocadilho.
No departamento hardcore, é uma espécie de holocausto canibal meets Vem ter comigo às traseiras (das Amoreiras), mas em versão blaxploitation com retoques de Animé. Por aí. Para ser consumido já." Sintecitando, é um disco "Bicudo"

PS - Na boa tradição do imaginário escatológico dos Ena Pá 2000/Irmãos Catita, com Budweiser em vez de Sagres, hip-hop no lugar da música ligeira, barbecue em vez de coirato

PS2 (product placement) - O disco tem pormenores de mau gosto, não deve ser consumido por menores. Mas há outros (tantos) ... (investiguem e enviem lista)

Já alguma vez se questionaram sobre o que cantarão os tipos da world music? Se é mesmo verdade que são canções de amor platónico paquistanês, haikus compostos em picos gelados do Uzbequistão ou as virtudes da germinação da papoila em solo maliano? E já alguém andou com os discos para trás à procura de mensagens satânicas?

2.28.2007

bruscamente

descobri a relação de Saramago com o pós-rock de chicago e concretamente com os Volta Do Mar,uma banda da secção tortoise, os primos afastados dos Turtles que por sua vez foram ao mesmo tempo, musas inspiradoras e bestas negras dos De La Soul, o que quase nos leva a afirmar peremptoriamente que o nosso nobel é afinal o pai do hip-hop nacional por interposta pessoa. Já agora que James Murphy esclareceu que os LCD são americanos, gostaria também de revelar que a banda de John McEntire foi protagonista de um dos mais deliciosos equívocos equívocos parolo-galicistas ocorridos em solo português. por que diabo?, pensamos em uníssono.
Foi por acaso e nas horas vagas, mas ainda assim não resisti a partilhar convosco um pedaço da minha vida privada. Mais vale saberem-no desta forma do que mais tarde por alguém de má índole. Antes que se faça tarde posso dizer que fui ouvir e gostei. E agora até vou picar o novo álbum dos Trans AM, nunca se sabe...


Biography
by Ron DePasquale in ALL MUSIC GUIDE
Instrumental rockers Volta Do Mar took their name from the Portugese phrase "turn of the sea," a line in a book by José Saramago. Bassists Jeff Wojtsiak and Mike Baldwin, guitarist Phil Taylor, and drummer Tony Ceraoulo all started playing together in various combinations at an early age in Chicago. They started in earnest in 1998, with broad influences from jazz to death metal. Their intricate, jazzy math rock made its debut on a self-titled EP in 2001, followed by a full-length debut, At the Speed of Light or Day, later that year.


http://www.voltadomar.com/
http://www.myspace.com/voltadomar

Então e o Alex Gopher. Passou-se! Mais um.

PS- Há coisas que parece que não têm nada a ver, mas afinal não é bem assim. Pensem nisto.